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Prof. Wankes Leandro

Como calcular a viabilidade de um projeto utilizando técnicas de análise de investimento: Payback Si


viabilidade de projetos - prof wankes leandro

Executamos projetos por diversos motivos, mas podemos resumi-los em 2 categorias: pessoais e organizacionais.

Do ponto de vista pessoal, executamos projetos para, por exemplo, abrir um novo negócio (empresa); expandir ou melhorar um negócio já existente; fazer aquele curso ou viagem sonhada há tempos; entre outros projetos.

Do ponto de vista organizacional, para: lançar um novo produto ou serviço; abrir uma nova filial ou ramo de negócio; criar ou reestruturar uma área ou unidade organizacional etc.

O fato é que todo projeto, sendo ele pessoal ou organizacional, terá um custo (orçamento do projeto) que deverá ser desembolsado ao longo da duração do projeto. Até aqui tudo bem.

O “problema” é que todo projeto, por definição, é único. E justamente por ser único detém outra característica que torna a decisão de desembolsar aquele orçamento ao longo da duração do projeto difícil: todo projeto tem riscos associados.

Para ajudar o investidor na sua decisão – se vale a pena (se é viável) investir em um projeto determinado montante (orçamento do projeto) – existem as técnicas de análise de investimento.

Nesse artigo serão mostradas 3 técnicas de análise de investimento: Payback Simples, Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR).

1. Viabilidade técnica, estratégica e econômica-financeira

Ninguém ou nenhuma organização deseja investir tempo e esforço (inclui-se aí os recursos humanos e máquinas e equipamentos) com projetos que não apresentem viabilidade.

Por esse motivo, os projetos passam por um estudo ou análise de viabilidade, que pode ser técnica, estratégica e econômica-financeira.

1.1. Viabilidade técnica

Na viabilidade técnica observa-se se o projeto atende aos requisitos técnicos, tais como:

• existência de conhecimento e tecnologia necessários para a realização do projeto.

• adequação às leis e normas, tanto do estado e país onde o projeto será realizado, como às normas internas da própria organização.

1.2. Viabilidade estratégica

Na viabilidade estratégica observa-se se o projeto atende aos requisitos estratégicos, tais como:

• adequação ou contribuição aos objetivos estratégicos traçados no planejamento estratégico da organização, se o projeto for corporativo;

• adequação ou contribuição aos objetivos estratégicos da área ou unidade de negócio, se o projeto for tático ou operacional;

• adequação ou contribuição aos objetivos pessoais de médio e longo prazo, quando o projeto é pessoal.

1.3. Viabilidade econômica-financeira

Na viabilidade econômica-financeira observa-se se o projeto atende aos requisitos econômico e financeiros, tais como:

• existência de fontes de financiamento disponíveis e acessíveis no mercado, para assegurar os recursos financeiros necessários para a realização do projeto.

• disponibilidade de recursos financeiros suficientes para realizar o projeto e manter o produto/serviço do projeto operando.

• o fluxo de desembolso do projeto é factível.

• o retorno esperado com o produto/serviço do projeto é adequado ao investimento realizado no projeto.

O foco deste artigo é na viabilidade econômica-financeira dos projetos.

2. Em que momento é calculada a viabilidade do projeto

A necessidade de cálculo da viabilidade de um projeto surge basicamente em três momentos:

a. após a elaboração do Termo de Abertura do Projeto, mas ainda na fase de iniciação do projeto.

O resultado do cálculo da viabilidade servirá como um dos insumos para a aprovação/autorização para o início da fase de planejamento do projeto. Neste caso, os dados para o cálculo de viabilidade do projeto serão em sua maioria estimados, pois os recursos, escopo, riscos e demais variáveis de um projeto são definidos e confirmados somente na fase de planejamento. Temos assim, somente uma viabilidade estimada do projeto.

b. ao final da fase de planejamento do projeto.

Como dito anteriormente, na fase de planejamento os recursos, escopo, riscos e demais variáveis de um projeto são definidos e confirmados. Assim, os dados para o cálculo de viabilidade do projeto são determinados e específicos, sendo possível obter uma viabilidade definitiva, ou mais concreta do projeto.

O resultado do cálculo da viabilidade servirá como um dos insumos para a aprovação/autorização para o início da execução do projeto.

c. na análise de uma solicitação de mudança no projeto, durante a fase de execução.

Durante a execução de um projeto, pode surgir a necessidade de realizar uma mudança. E toda mudança, antes de ser autorizada, deve ser analisada. Nessa análise, os impactos da implementação da mudança são identificados e, normalmente, cenários são elaborados. Para subsidiar a escolha/decisão por um desses cenários, a viabilidade de cada cenário é calculada.

É importante frisar que o resultado do cálculo da viabilidade em qualquer um desses momentos pode ser: inviável. Neste caso, o projeto pode ser cancelado antes do início (nos casos “a” e “b” acima) ou finalizado com insucesso (no caso “c” acima). No artigo Entendendo o básico dos projetos há uma tabela que exemplifica situações em que o fim do projeto é alcançado.

Em qualquer um dos casos o Gerente do Projeto, Patrocinador e demais partes interessadas querem confirmar se vale a pena (se é viável) iniciar ou continuar o investimento necessário para a realização do projeto.

3. O fluxo de caixa de um projeto

A saída e entrada de recursos financeiros (dinheiro) no projeto é chamada de fluxo de caixa.

Durante o projeto o fluxo de caixa é negativo. Isto é, há somente saída de recursos financeiros.

Ao fim do projeto, quando o produto ou serviço está pronto e é comercializado, em tese, o fluxo de caixa é positivo. Há entrada de dinheiro.

Resumindo, durante o projeto, melhor dizendo: durante o ciclo de vida do projeto, há despesa/investimento; e durante o ciclo de vida do produto/serviço há receita ou recuperação do investimento feito no projeto.

No artigo Entendendo o básico dos projetos há uma explicação mais detalhada da relação do ciclo de vida do projeto com o ciclo de vida do produto ou serviço.

4. Payback simples

Payback, ou prazo de recuperação do investimento, é uma das técnicas de análise de investimento mais utilizadas. Esta técnica calcula o período (prazo) que o investidor irá precisar para recuperar o capital investido. Nesse sentido, o payback permeia desde o ciclo de vida do projeto até o ciclo de vida do produto. Talvez por este motivo seja dita como uma metodologia apropriada para projetos com risco elevado.

Sob o ponto de vista do payback, o projeto é considerado viável quando o prazo encontrado como resultado do cálculo for menor que o prazo desejado para a recuperação do investimento.

Exemplo:

- Orçamento do projeto: 10.000,00

- Prazo do projeto: 1 ano

- Receita anual obtida com a comercialização do produto/serviço no final do projeto: 3.000,00

- Prazo desejado para recuperação do investimento: 5 anos

Payback = Valor do investimento ÷ Valor da receita esperada

Assim,

Payback = 10.000 ÷ 3.000 = 3,3 anos

Conclusão:

Como o prazo desejado para recuperação do investimento era de 5 anos e o cálculo do Payback resultou em um prazo de 3,3 anos, o projeto é considerado viável.

O Payback também é utilizado para a escolha entre dois projetos.

Exemplo:

- Orçamento do projeto A: 10.000,00

- Prazo do projeto A: 1 ano

- Receita anual obtida com a comercialização do produto/serviço no final do projeto A: 3.000,00

- Orçamento do projeto B: 7.000,00

- Prazo do projeto B: 1 ano

- Receita anual obtida com a comercialização do produto/serviço no final do projeto B: 2.000,00

Payback projeto A = Valor do investimento ÷ Valor da receita esperada

10.000 ÷ 3.000 = 3,3 anos

Payback projeto B = Valor do investimento ÷ Valor da receita esperada

7.000 ÷ 2.000 = 3,5 anos

Conclusão:

Como o Payback do projeto A foi 3,3 anos e do projeto B foi 3,5 anos, o projeto A é considerado mais viável que o B.

É importante ressaltar que alguns projetos na área de construção civil, marketing e TI, por exemplo, geram entregas (que são produtos e/ou serviços) ao longo do projeto e que já podem e muitas vezes são comercializados antes mesmo da data final do projeto como um todo. Neste caso, o período de payback, obviamente, será menor do que de um projeto que comercialize o produto/serviço somente no final do projeto como um todo.

Os pontos negativos do Payback simples são:

i. não considerar o custo do dinheiro ao longo do tempo, isto é, não considerar os juros.

ii. o enfoque ser somente na variável tempo.

iii. não considerar a receita após o período de recuperação do investimento.

5. VPL – Valor Presente Líquido

O VPL, em inglês chamado de NPV – Net Present Value, é considerado uma técnica sofisticada de análise de investimento.

O VPL é obtido descontando o fluxo de caixa a uma taxa especificada, trazendo, dessa forma, todos os valores para a situação inicial – a um valor presente líquido.

Essa taxa especificada normalmente corresponde a uma de retorno mínimo que deve ser obtido por um projeto.

Sob o ponto de vista do VPL, o projeto é considerado viável quando o resultado do cálculo for maior do que zero, pois isso quer dizer que o projeto dará um retorno maior do que a taxa especificada.

Exemplo:

VPL, Valor Presente Líquido

- Orçamento do projeto: 10.000,00

- Receita com a comercialização do produto/serviço no 1º ano: 2.000,00

- Receita com a comercialização do produto/serviço no 2º ano: 2.500,00

- Receita com a comercialização do produto/serviço no 3º ano: 3.000,00

- Receita com a comercialização do produto/serviço no 4º ano: 3.500,00

- Taxa de desconto (i): 2%

VPL projeto viável

VPL = - 10.000 + 1.960,78 + 2.402,92 + 2.826,97 + 3.233,46

VPL = - 10.000 + 10.424,13

VPL = + 424,13

Conclusão:

Como o VPL foi maior do que zero, então o projeto é considerado viável.

6. TIR - Taxa Interna de Retorno

A TIR, em inglês chamada de IRR - Internal Rate of Return, tem foco na variável tempo e o VPL no valor do fluxo de caixa em uma data base.

O cálculo da TIR envolve calcular a taxa de juros que tornaria nulo o VPL.

A TIR é um número obtido internamente no projeto a partir dos fluxos de caixa esperados.

Exemplo:

Se utilizarmos o caso anterior, temos que fazer VPL = 0.

Assim,

i = 3,59% = TIR

A TIR tem que ser maior do que a taxa de remuneração recebida pela aplicação do valor do orçamento do projeto em outra aplicação.

Logo,

Se, hipoteticamente, a taxa de remuneração de mercado for 2%, como a TIR do projeto foi 3,59%, ele é considerado viável.

Se a TIR for maior do que a taxa de remuneração de mercado, o projeto é viável.

Se a TIR for igual a taxa de juros de mercado, o projeto é indiferente, pois a rentabilidade é nula.

Se a TIR for menor do que a taxa de juros de mercado, o projeto é inviável.

Bons cálculos!

Ps: Se você quiser citar esse artigo ou parte dele em seu trabalho acadêmico ou profissional basta copiar a referência a seguir:

RIBEIRO, Wankes L. Como calcular a viabilidade de um projeto utilizando técnicas de análise de investimento: Payback Simples, VPL e TIR. Disponível em: http://www.wankesleandro.com Acesso em dd/mm/aaaa.

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